Notas proêmias
Gilvan José de Meira Lins Samico nasceu em Recife em 15 de junho de 1928. É um artista multifacetado, pintor, desenhista, gravurista brasileiro que, por injetar requinte e elementos oníricos dos signos populares e míticos em suas obras, tornou-se conhecido internacionalmente.
Samico, por utilizar uma linguagem brasileira, inspirada na literatura de cordel e em suas ressonâncias medievais, foi convidado a participar do movimento da arte armorial no Brasil (1970) e atingiu ainda maior destaque nacional a partir de 1966, quando adotou o estilo típico que o consagrou em “O banho de Suzana”, xilogravura de temática bíblica, que compõe o acervo de obras do artista, o qual chama atenção, ente outros aspectos, pelas oposições feminino versus masculino.
A Áudio-descrição da obra “O banho de Suzana”, apresentada a seguir, foi construída mediante a apreciação da reprodução fotográfica de Cesar Barreto, disponível no site do Itaú Cultural.
Áudio-decrição
Xilogravura colorida, com dimensões originais de 51,3 x 34,8 cm, em formato retrato. Suzana nua da cintura para cima, dentro da água. A mulher é branca e magra. Ela está de costas e com a cabeça em perfil para a direita.
Suzana tem cabelos negros, lisos até a altura dos ombros, divididos para o lado esquerdo. Apresenta rosto retangular. A sobrancelha dela é fina, preta, arredondada, o olho é pequeno e preto, circundado por uma mancha acinzentada. O nariz de Suzana é pontudo. A boca pequena, com lábios finos, está fechada. O queixo dela é pequeno e o pescoço é curto e estreito.
Ela está com o braço direito levemente erguido e apoiado sobre uma parede de azulejos losangulares que se alternam nas cores branca e preta; e braço esquerdo submerso na água, de suaves ondas, nas cores verde e branca.
Nas laterais, direita e esquerda, sobre retângulos cinzas, ramagem preta, de folhas pontudas, dispostas duas a duas, e no topo, entre duas, uma ao centro mais arredondada.
Acima de cada retângulo, no topo da xilogravura, dois homens brancos, de perfil, até a altura dos ombros, dispostos nas laterais superiores da imagem, olham para baixo. Eles são calvos, possuem cabelos pretos nas laterais da cabeça, testas pequenas, sobrancelhas grossas, pretas, arqueadas. Apresentam olhos pequenos, pretos e nariz pontudo. Possuem bigode fino, preto e barba grande, arredondada e preta. Por trás deles, linhas verticais estreitas e cinzas.
O espaço entre os homens e Suzana é demarcado por uma estreita faixa vermelha que parte das laterais e ao chegar ao centro bem acima da cabeça de Suzana forma um triângulo, preenchido por um losango e dois outros triângulos pretos, o que faz lembrar um telhado.